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Um pequeno livrinho

 Um pequeno livrinho.

 Um pequeno livrinho de ideias e expressões. Um pequeno livrinho de pensamentos e sugestões. Um pequeno livrinho de pequenas memórias e saudades. Um pequeno livrinho de um pequenino amor que já passou.


Folheio as páginas, os meus olhos vão percorrendo cativamente todas as letras, relembrando todos os sentimentos e sentindo todas as metáforas.

Um pequenino livrinho de pequeninas palavrinhas que nunca me couberam no peito.

Cada página folheada é como uma memória desbloqueada.

Continuo a percorrer as páginas e surpreendo-me a mim mesma. "Como é engraçado ler-nos a nós mesmos", penso. "Como é engraçado que mudemos tanto por inconveniências e inconvenientes mas mesmo assim ainda vemos um bocadinho de nós".

Um pequeno livrinho. De letra pequenina. Mas de tão grandes emoções.

Lemos hematomas antigos, que na altura pensámos que não fossem desaparecer, e pensamos no quão inocentes alguma vez fomos.

Como é boa a inocência. O sentir tanto que temos que escrever porque de tanto que sentimos não cabe em nós.

Como é boa a inocência, que depois de muitos anos já não temos os nossos sentimentos para escrever e temos que os inventar.

Inventar sentimentos. Inventar histórias. Inventar paixão.

Como é boa a inocência, que enquanto a vida vai passando, ela vai desaparecendo.

Deixa-nos impávidos, inflexíveis, insensíveis.

Como é boa a inocência de quem ama tanto e tão profundamente que qualquer hematoma vira uma história de amor.

Como é boa a inocência, que depois de muitos anos, já não sentimos o amor nas pequenas coisas, nas pequenas palavras e nos pequenos livrinhos.

Como é boa a inocência, que tira de nós um bocadinho a cada passo e quando olhamos para trás só vemos gatafunhos.

Como é boa a inocência, 
que se fosse hoje um pequeno livrinho seria um best-seller.



-scmm


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