quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Lembra-te.



Um dia vais ser a lição de alguém. 

Um dia vais amar tanto alguém que vais acabar por matar o que vocês têm.

Um dia vais matar quem tens ao lado por em tempos te terem morto.

E um dia vais ensinar a amar quem nunca pensou ser capaz.

Um dia vais querer dizer a algúem que o amas porque é o que sentes. Mas vais perceber que nunca o dizes por medo.

Um dia vais pedir a alguém que quando encontrar o próximo amor da sua vida se lembre de ti.

Porque acreditas piamente que deixaste um bocado de ti na falta do bocado que levaste do outro.

Um dia vais dizer “lembra-te do que te ensinei” porque sabes os danos que causaste.

Mas sabes melhor o dano de que tu és.

Um dia vais cair em ti e vais saber que não há volta a dar. Que um corpo feito de amor é um caco de vidro ele mesmo.

Vais saber que estás estragada, podre.

Vais saber que não há volta a dar mas mesmo assim anseias por amar.

Vês o amor em cada esquina. Em cada olhar de desejo.

Iludes-te. E de todas as mil vezes estragas-te mais um bocado.

Um dia acreditas a cem por cento que aquela relação vai ser a tal. Duradoura. Forte.

Mas mal sabes que abana com o vento.

Fraca, frágil.

Vais achar que ficaste forte, que és indestrutível. 

Mentira.

Vais descobrir aí que és a lição de vida de alguém. Porque já não amas facilmente como os outros.

Quando amas, amas densa e dolorosamente. É um amor tão denso que se torna obscuro, assustador.

E de tão partida que estavas, acabas partindo alguém. E tu toda te partes mais.

Tornas-te no karma dessa pessoa.

Ensinas com o mal e não com o bem. Porque tentaste mas estás demasiado podre.

Podre no chão.

Um dia vais ser a lição de alguém e eu já sou a tua.

Sou a lição de quem não soube lutar.

Sou a lição de quem aprendeu a amar, de alguma forma, um corpo quebrado.

Sou a lição de quem não se soube quebrar. E precisou de ser quebrado.

Redigido por: SusanaCMMelo