Quanto mais o tempo passa mais eu acho que não sou para ninguém e que ninguém é para mim. Mais eu acho dificil encontrar alguém para sempre. Encontrar alguém que não me farte, que não me faça revirar os olhos e que não consuma a minha paciência e a minha vontade.
Durante muito tempo achei que o problema era dos outros e talvez também seja, mas também é meu.
Por vezes imagino-me numa relação saudável e feliz com alguém mas percebo que nunca conheci isso. Desde pequena até agora. A relação mais saudável que alguma vez devo ter tido deve ter sido com quem nem nunca cheguei a ter nenhuma relação. Poético.
Muitas vezes pensei que algo estava errado comigo e hoje sei que está. Não sou fácil de amar porque não me deixo amar. Sou a pessoa que quer fazer tudo sozinha: “deixa, não precisa de ajuda”. Mas que depois reclama que não tenho ajuda. Não gosto de incomodar ou de me sentir um peso. Fico apressada quando sei que estou a ser inconveniente para alguém. E fico nervosa quando alguém tenta ajudar-me de alguma maneira. É como se sabotasse tudo o que vem de fora. E acabo por me auto-sabotar.
São poucas as vezes que me deixo apreciar os momentos. São poucas as vezes que baixo a minha guarda.
No entanto, pouco a pouco vou-me ensinando a relaxar. Vou-me ensinando a descontrair os ombros sempre que me lembro. Vou começando a pensar que não precisa de pressa, que tudo se faz e que posso parar para respirar.
Muitas vezes ainda me apanho a mim própria num sufoco, ombros tensos e pensamentos a mil. Aí contrario-me a mim própria. E depois dou por mim a saber apreciar a chuva, as estrelas e o quão bonita é a vida, quando sabemos abrandar e quando não complicamos tudo. Neste momento acertamos o coração, os batimentos tornam-se mais regulares e o peito torna-se mais leve. O aperto desaparece e conseguimos apreciar as árvores que se movem com o vento, a lua que ilumina o céu e o sossego de uma mente, finalmente, vazia. A vida é bonita sim, nós é que a complicamos demais.
-scmm
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