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Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2024

A ressaca.

  A ressaca de ti hoje bateu-me. Bateu-me a saudade e a vontade de ti. Bateu-me a vontade de mandar uma mensagem. Bateu-me a vontade de ir ver mensagens antigas. Bateu-me a saudade do teu beijo. Bateu-me a saudade da tua calma. Bateu-me a saudade da tua chama. Bateu-me a saudade do teu toque. Bateu-me a saudade de ti. E bateu-me a saudade de quem eu era ao pé de ti. É um sentimento agridoce, Bom de lembrar mas doloroso de sentir. É uma vontade sem medida, De como poucas vezes senti. Não sei o que fizeste comigo Se é só a ressaca ou o feitiço, Por alguém que após dar sumiço, Ainda sinto uma grande faísca. Esta ressaca que não acaba Como se fosse infindável E uma nostalgia que não desaparece, Como se fosse incurável. Agora nada parece atraente, Nem apelativo o suficiente, Para causar outra desgraça E dar fim a esta ressaca. Guardo o bom que me lembro de ti, Numa espécie de recipiente, E cada vez que a ressaca bate, Vou-te saboreando aos poucos, Como se a...

Obsessão.

  Hoje lembrei-me de ti. De como era fácil estar contigo. De como eu podia ser eu. Sem manhas, sem tabus, sem esconder sentimentos e opiniões. Lembrei-me de como parecia fácil estar ao pé de ti. Natural. Lembrei-me de como me imaginei a teu lado em mil e uma situações. Na minha imaginação parecia tão certo, tão linear. Cada palavra tua parecia vir de um sítio bom, de honestidade. Fizeste juras de atenção e carinho. Como pude eu ser tão inocente? Algo que vem tão fugaz, tão fugaz vai. Mas deixa uma pequena faísca. Uma faísca de quero mais. Uma faísca de obsessão. Obsessão por um sorriso bonito, Um rosto angelical, Palavras que viram mentiras E um cenário que não é real. "E se" continua a minha mente, Não conformada de tão indecente. "E se" pergunta o meu coração, Não conformado com a decepção. De "e se's" se escrevem muitos livros, De "e se's" se leem muitos poemas, Mas não houve poema mais bonito, Do que aquele que eu escrevi na minha cab...

Compartimentos.

  Hoje não me doeu a alma. Sei que não estou nem de longe, Nem de perto, curada. Mas também sei que hoje estou Um bocadinho mais perto de estar sarada. Na introspecção e no meu recolher, Encontro em mim toda a calma do meu ser. Na minha experiência e inteligência, A alegria de uma autosuficiência. Pensar em quê? Coisas da vida. No que fazer de jantar e nos trabalhos da cria. E assim calmamente se passou mais um dia. Dentro do meu próprio abrigo e da minha guarida, Compartimento os aspetos da minha vida. Muito bem compartimentados Para não fazer de castigo, A quem de mim apenas quis um sorriso. Num compartimento cabe uma lágrima, A quem de mim tirou uma vida. Noutro cabe um soluço, Por não ter tido a genica. E de compartimentos se faz uma alma, Que para cooperar e manter-se salva, Cria um sistema de sobrevivência, Com gavetinhas feitas de preserverança. O dia correu e as gavetas fechadas, Em nenhuma altura se entreabriram, Impossível pois a sete chaves sel...