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Mensagens

A mostrar mensagens de 2016

Mas quando é que isto acaba?

Ouvi-te chegar e fiquei parada à tua espera. A saudade que tinha de ti era equivalente a 10 anos ou mais sem te ver. E eu todos os dias esperava, com a fidelidade igual à de um animal, por ver-te chegar. Todos os dias tinha uma surpresa para ti. Uns dias bolos, outros sobremesas, outros o almoço, o lanche ou o jantar, dependendo da hora a que te apetecesse chegar. E o mundo parava de rodar cada vez que esperava mais do que era de esperar por ti. Uma hora, duas, três… cheguei a ver-te chegar de madrugada, perdido, pelo meio dos raios matinais que se queriam fazer ver. E de todas as vezes, todos os dias, todos os meses e anos nunca me faltou um sorriso para te dar. Um sorriso aqui, um murro ali. Sempre quis pensar que com o tempo as coisas mudariam. Que melhorariam. Chegaste a casa com o jantar posto na mesa, as velas do costume acesas e o meu melhor sorriso. Em pé, encostada ao balcão frente à porta, a contar os segundos até ouvir-te chegar. Quando finalmente te vi, soube que de ...

É legítimo?

No meio dum dia sofrido no meio de lições esquecidas, disseram-me que a nossa vida só nós controlamos e que, se há algo por que estamos a sofrer, que temos que ter em conta se realmente vale a pena sofrer por isso ou se é apenas o nosso coração a iludir-nos. Mas que no meio de tudo, que não nos deixemos humilhar demais nem moldar demais, senão um dia olhamos para trás e perguntamo-nos como chegámos a esse ponto e nem nos reconhecemos mais. Que no entanto, só nós sabemos o que vale a pena e até quando vale a pena. E no meio de um quarto escuro ainda consigo lembrar-me de choros, gritos e cheiros antigos. Ainda consigo sentir as cicatrizes antigas. E de cada vez que sofro, sofro por todas elas. E que de cada vez que me é feito sofrer, sofro em memória a quem deixei nas páginas de livros já lidos. O meu avô dizia que quando eu arranjasse um namorado a sério, que tinha que ser um homenzinho. Que tinha que ser alguém que me cuidasse e amasse. E ele abanava a cabeça como quem sabe que hoje...

Quis contar-te

Quis pegar em mim e mandar-te uma mensagem ou ligar-te. Hesitar mas acabar por dizer-te que estava bem. Que estava de uma vez por todas a seguir os meus sonhos, a fazer o que era melhor para mim. Quis contar-te para onde estava a ir, que estava a fazer uma viagem de autocarro de horas e horas e que apenas levei uma mala. Quis contar-te como é que consegui o dinheiro para deixar a nossa cidade, que trabalhei por horas e horas, dias e dias, sem folgas e com cansaço acumulado. Quis contar-te que estive sozinha este tempo todo, que a vida sem ti resume-se a pouco. Quis contar-te que apesar disso nunca desisti e que o que saiu de mim foi sempre o meu melhor. Quis contar-te sobre tudo o que tinhas perdido. Que as árvores que vejo fora da janela não parecem tão bonitas. Que o barulho de outras pessoas à minha volta me incomoda mais que nunca. Que o sol e a lua parece que perderam o brilho. Quis contar-te que te odiei mas que guardei o que restou de ti. Que sinto falta do teu sorri...

Mudam-se os tempos.

Pergunto-me vezes sem conta sobre até onde devemos deixar as coisas ir. Se podemos traçar a nós próprios caminhos diferentes e possibilidades diferentes a seguir. Se nos é legítimo de vez em quando sermos um bocado egoístas. Batermos o pé e dizermos não. O meu ex-namorado costumava dizer que sou demasiado boa com as pessoas. Que não sei dizer que não e que por ser tão boa quem se aleija sempre sou eu. Tinha razão. E por ser tão boa com ele acabei trocada. É nisso que me questiono bastantes vezes. Mas de toda a vez que tento ser um pouco má acabo sempre ouvindo a mesma história. “Não ganhas nada em ser assim”. Não sei o que ganho então. Percebo agora os erros que cometi no passado e o porquê de todos os relacionamentos passados terem saído fracassados em todos os piores sentidos. Não que eu fosse má como as cobras, não que fizesse o mal. Muito pelo contrário. E esse é o meu mal. Onde será que devemos pôr um ponto final? Quando será que devemos dar um grito e bater o pé? Sendo que sou...

Apaixonei-me e nem sei como.

Chega uma altura em que já não sentes as borboletas da adolescência. Nem o corpo a tremer da ansiedade constante. Nem a curiosidade do que vem a seguir. Não sei o que sentes ao certo. Talvez a felicidade de algo que sabes que pode durar. Independentemente de quem tenha estado e já não está. De quem tenha ido e confias que não volte mais. Já não dás o teu mundo, nem prometes outros mundos. Sabes o que tens e o que vales e isso chega. Chega uma casa com paredes arranhadas. Chega abrir uma janela para o sol entrar. Tudo porque sabes que antes de ti houve outro mundo. Tal como sabes que tu já tiveste outro mundo. E passas a aceitar isso. E o mais incrível é que o entendes. Sabes o desgaste do que falhou. Sabes o desgaste do que não serve mais. Seja porque for. E aceita-lo. Apaixonei-me e nem sei como. Nem sabia que era capaz de tal. Apaixonei-me por alguém com cicatrizes mas que ainda assim, me consegue fazer sorrir. Nem eu sabia que em alguma divisão pudesse caber tanta cicatriz. ...

Lembra-te.

Um dia vais ser a lição de alguém.  Um dia vais amar tanto alguém que vais acabar por matar o que vocês têm. Um dia vais matar quem tens ao lado por em tempos te terem morto. E um dia vais ensinar a amar quem nunca pensou ser capaz. Um dia vais querer dizer a algúem que o amas porque é o que sentes. Mas vais perceber que nunca o dizes por medo. Um dia vais pedir a alguém que quando encontrar o próximo amor da sua vida se lembre de ti. Porque acreditas piamente que deixaste um bocado de ti na falta do bocado que levaste do outro. Um dia vais dizer “lembra-te do que te ensinei” porque sabes os danos que causaste. Mas sabes melhor o dano de que tu és. Um dia vais cair em ti e vais saber que não há volta a dar. Que um corpo feito de amor é um caco de vidro ele mesmo. Vais saber que estás estragada, podre. Vais saber que não há volta a dar mas mesmo assim anseias por amar. Vês o amor em cada esquina. Em cada olhar de desejo. Ilude...

Desculpa.

Tenho uma amiga que diz que me preocupo demasiado com o passado das pessoas. Talvez. Porque talvez sempre pensei que queria ser a melhor possível para quando o amor da minha vida surgisse. Hoje peço desculpa. Peço desculpa ao amor da minha vida pelas bocas que beijei, pelos corpos que me tocaram e pelas mentes que iludi. Peço desculpa por me ter deixado consumir de tal modo, que hoje já não acredito em ti. Não acredito no dia em que apareceres. Não vou acreditar quando me sorrires por entre todos os outros sorrisos. Vou achar que és mais um como os outros todos. Vou achar que afinal não existes enquanto podes muito bem estar a cruzar a próxima rua e por infelicidade do destino não ser nesse dia que nos cruzamos, ou por infelicidade do mesmo ser nesse dia que me olhas mas por receio desvio o olhar. Peço desculpa, amor da minha vida, pela falta de confiança que tenho em ti, que tenho em mim e que tenho no quer que seja que fale de amor. O amor é uma merda. Descul...