quinta-feira, 7 de maio de 2015

Não fosse o diabo tecê-las.

E nada era como eu tinha imaginado.
Tu não eras um príncipe e eu nem tão pouco era uma princesa. Não partilhávamos o pôr-do-sol nem me oferecias flores. Não íamos ao cinema nem a jantares românticos. E aquilo que para muitos era errado e impossível de resultar para nós fazia todo o sentido. E eu gostava de ver o teu esforço em me arrancar sorrisos a toda a hora, mesmo que para isso não tivesses que te esforçar muito. Era uma coisa genuína. Nós éramos genuínos. Sem pressas e sem empurrões apenas preocupados em trilharmos um caminho só nosso. E sem qualquer destino. E eu posso-te dizer como eu adorava isso. De tão incerto que era tornava-se certo. E eu não queria saber do que os outros diziam desde que te tivesse a meu lado. E tinha. E a vida assim tornou-se normal. Mesmo sem horas marcadas, sem dias marcados, sem rotinas traçadas. Sabendo que te via hoje mas podia não ver mais durante 2 semanas. Mas sabendo que daqui a duas semanas a tua alma pertencia-me na mesma. E sem saber como nem porquê tinhas o meu coração e tudo de mim. E eu não me preocupava minimamente se deixavas o meu mundo cair porque tinha na confiança que não o permitirias.
E de tão raros que somos eu estimava-nos de uma forma nunca antes vista.
E guardava aquilo que sentia por ti dentro de uma caixinha fechada a 7 chaves, não fosse o diabo tecê-las.
Não fosse o alheio invejar-me.
Porque dizem que é isso que se faz ao amor da nossa vida, protegemo-lo de possíveis abutres. No entanto nunca te enclausurei, e essa era a melhor parte. Saber que voltavas para a minha mão por escolha própria. Saber que era a mim que escolhias.
Deixar-te livre e voltares bastava-me.
Talvez porque para mim era também a prova de amor que eu estava disposta a dar.
Selvagem, sem quaisquer amarras.
Sempre voltando um de encontro ao outro. E não há nada neste mundo nem em todos os outros mais leve que isto. Como a vida na sua imensidão se tornava fácil assim. Se tornava suportável.
 E era só disso que eu precisava.

De uma alma leve e selvagem tão idêntica à minha.





Redigido por: SusanaCMMelo



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