“E se não
resultar?”, “E se ele não gostar de mim da mesma forma que eu gosto dele?”, “E
se ele me enganar?”, “E se houver outra mais interessante?”, “E se o
tempo fizer as coisas mudarem?”, “E se for eu que afinal mudo de ideias?”, “E
se depois eu é que ficar com má imagem?”… E se…?
Passamos
tanto tempo preocupados com o que pode acontecer, imaginando variados cenários,
criando se calhar problemas onde eles não existem que nos esquecemos de viver o
agora. Muitas vezes esquecemos até que grande parte dos problemas que irão
surgir se deve aos problemas que colocamos agora… Se deixássemos tudo fluir, se
deixássemos tudo seguir o seu curso natural… seria mais fácil. Mas não dá, não
é verdade?
Colocamos
todas as hipóteses e criamos todos os cenários porque sabemos que o caminho não
é em linha recta. Mas verdadeiramente começo a achar que nós é que o
distorcemos. O ser humano tem grandes problemas em aceitar algo que não lhe dá
trabalho ou que é diferente, gosta de complicar, gosta de andar às voltas,
gosta de bater com a cabeça nas paredes que ele próprio ergueu à frente do
passeio liso que tinha à sua frente, gosta até de se desculpar criando
estereótipos. O ser humano gosta daquilo que não tem. Gosta possivelmente até
do que não vai ter. Mas com certeza gosta mais daquilo que já teve e por
qualquer motivo perdeu. E o mais incrível de tudo é que cada um de nós sabe de
tudo isso. Mas lá está, adoramos dar cabeçadas.
Mas ainda
mais que cabeçadas, adoramos ferir a nossa própria dignidade, o nosso orgulho,
os nossos valores. Somos tão cegos que nos deixamos humilhar por alguém que
possivelmente não está nem aí. E depois disso? Bem, depois disso é como estar
bêbedo. Como apanhar uma daquelas bebedeiras que nos dá uma semana de ressaca e
duas de aversão ao álcool. Aham, been there. No entanto, pior é quando não
sabemos que podemos direccionar o nosso orgulho e os nossos valores. Então
direccionemos. Rumemos a algo sem pensar nas possíveis consequências, nos mais
variados cenários. A vida não está para isso, nós não estamos para isso.
Estamos para algo que faça sentido, que seja verdadeiro mas acima de tudo, que
seja correcto. Mesmo tendo o correcto múltiplas interpretações. Não nos
deixemos levar pelo que a sociedade quer. Apesar de eu defender tudo aquilo a
que tenho direito como mulher, mas antes disso como pessoa, tenho noção de que
por muitas crenças, valores e boas intenções que tenha, a sociedade vai ter
sempre mais um estereótipo a defender, mas tentemos mudar isso. A verdade é que
nós, mulheres, vamos ter muitas vezes de seguir a regra do “se fizeres isto ou
aquilo acaba-se a tua reputação” porque é impossível lutar contra todos os
lados, é impossível fazer frente à rosa-dos-ventos. Então, acabamos por por
vezes ter que abdicar de um ou outro direito, em prol de outros tantos, ou nem
que seja para sobrevivermos no meio disto tudo. Porque falar é fácil, é fácil
falar mal de outra mulher quando sabemos que ela fez algo que vai contra as
ideias estereotipadas e o problema é que não é fácil contrariar isso, até
porque algumas vezes na situação dela faríamos o mesmo (ou não). A sociedade
fez tudo tão bem, que nós próprios temos dificuldade em lutar contra nós visto
que todos nós fazemos isso em alguma circunstância, embora uns mais que outros.
Eu já fiz. Mais vezes do que gostaria, diga-se. E sei bem que até eu própria
ganhar consciência do que se passava, eu sempre fiz. Às vezes ainda caio na
tentação de fazer, mas recomponho-me.
Nós desde
que nascemos julgamos os outros. Nós nascemos a julgar os outros. Podíamos ter
nascido a compreender, a amar e a perdoar, não é? E nascemos. Mas tão depressa
a sociedade se encarregou de nos formatar que não tivemos hipótese de dizer
“não, não é isto que quero” ou “não, não é isto que quero para o meu filho”. Já
quase que está intrínseco! Então resta o quê? Quebrar as regras? Que seja,
quebremos então. Ganhemos consciência do que fazemos inconscientemente. Vamos
formatar por cima do que foi formatado. Mais tarde ou mais cedo trará frutos,
mas comecemos já. Porque… Sociedade para aqui, sociedade para ali só que
esquecemos que a sociedade somos nós. Então, fechemos os olhos, inalemos fundo
e digamos “esquece isso e segue”, porque a vida não espera. Por isso…
“E se” parasses com as tuas merdas, já terias vivido mais?
Redigido por: SusanaCMMelo
Parabéns :)
ResponderEliminarObrigada!
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