Chega uma altura em que já não sentes as borboletas da adolescência. Nem o corpo a tremer da ansiedade constante. Nem a curiosidade do que vem a seguir. Não sei o que sentes ao certo. Talvez a felicidade de algo que sabes que pode durar. Independentemente de quem tenha estado e já não está. De quem tenha ido e confias que não volte mais. Já não dás o teu mundo, nem prometes outros mundos. Sabes o que tens e o que vales e isso chega. Chega uma casa com paredes arranhadas. Chega abrir uma janela para o sol entrar. Tudo porque sabes que antes de ti houve outro mundo. Tal como sabes que tu já tiveste outro mundo. E passas a aceitar isso. E o mais incrível é que o entendes. Sabes o desgaste do que falhou. Sabes o desgaste do que não serve mais. Seja porque for. E aceita-lo. Apaixonei-me e nem sei como. Nem sabia que era capaz de tal. Apaixonei-me por alguém com cicatrizes mas que ainda assim, me consegue fazer sorrir. Nem eu sabia que em alguma divisão pudesse caber tanta cicatriz. ...