domingo, 13 de julho de 2014

Sinceramente?



Sinceramente? Começo a sentir saudade dos tempos em que adormecia sem pensar em nada. Dos tempos em que apenas pensava nos meus dias, como quem fazia uma revisão dos últimos acontecimentos. Dos tempos em que não sentia constantemente aquele aperto que me impede de respirar livremente. Dos tempos em que podia fechar os olhos sem que tu me viesses à mente. Tempos esses em que não tinha medo de que ao fechar os olhos me escorressem quaisquer lágrimas. Mas esses tempos não voltam.

Quanto mais vamos vivendo, mais temos para reflectir. Talvez não esteja a ser clara. Vou dizer antes: quanto mais vivemos e por conseguinte experienciamos, e portanto, nos dispomos a sofrer, com mais cicatrizes ficamos. De modo que, quando não queremos pensar em nada, vamos sempre pensar em algo. Simplesmente porque a nossa mente gosta de nos torturar e se mantém activa 24/7. Por isso, quando não arranja nada recente para nos massacrar lá vai ela buscar “coisas” que achávamos que já estavam no baú. E não me digam que não é assim. Quer queiramos, quer não, vamo-nos sempre lembrar dos que nos magoaram… e dos outros. Digo “os outros” porque não é possível não magoarmos alguém nem não sermos magoados. Mais simples não há. Podemos ter o maior cuidado do mundo, que vamos sempre acabar por magoar alguém e alguém vai-nos sempre magoar. Seja com uma palavra, um gesto, uma atitude… sei lá, até um olhar. Daí que, seja em que altura for, o pensamento sobre determinada(s) pessoa(s) vai sempre aparecer. E aí é que está o mal. Sei isto com toda a certeza porque já me lembrei de pessoas que pensei já ter esquecido. Já me lembrei de coisas que pensei já ter enterrado. E vivi feliz e despreocupada a pensar que estava de novo livre mas de um momento para o outro vi-me a chorar por esses mesmos esquecimentos que não estavam, afinal, esquecidos.

Tudo isto porque nunca se esquece alguém que passou pela nossa vida. Seja uma boa ou má pessoa. Tenha sido uma boa ou uma má experiência. Já dizia o ditado que
“Aqueles que passam pela nossa vida não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”
Contudo, eu gostava de conseguir escolher o que é que cada um me deixa. E assim fazia um saquinho, mais feliz e recheado do que aquele que já tenho. Uma espécie de pote de ouro que me levasse ao outro lado do arco-íris. Ou não, espera. É ao contrário. Sendo assim, porquê que ando a coleccionar tanta merda?




Redigido por: SusanaCMMelo




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