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O poema que era teu

 



Li-te muitas vezes nos poemas que escrevi.

Mesmo nos que não eram para ti.


Quando lemos a nossa cabeça vai navegando.

Vamos apanhando os cheiros,

Os sabores,

Os amores e desamores.


Li-te tantas vezes nos poemas que não te escrevi,

Que não tenho palavras para te escrever.


Não sei que palavras te dar,

Se as doces como a doçura no teu falar.

Se as amargas como a amargura com que me deixaste.


Pensei em ti e pensei na liberdade.

Na liberdade de poder e querer.

Na liberdade do que me esperaria,

Se algum dia te tivesse tido.


Não te tive, fui tendo.

Um pouco tão pequeno que desconfio que não tenha sido real.

Real ou não, tem sabor de liberdade.


Tem sabor de paixão,

De loucura e 

Felicidade.


Vai-se tendo nos dias de hoje,

Com pouco investimento e menor ainda complexidade.

O que está ao alcance consome-nos em enfermidade.


Quer dizer, a nós não porque não faço parte desse grupo desregulado,

Sou de um em vias de extinção,

Doutro tempo e com padrões desatualizados.


Corpo quente, alma em chama, demasiado emocionada,

Para corpos vazios, caixa torácica oca 

E português sem pontuação ou gramática.


Um poema que era para ti

E acabou como uma crítica à humanidade,

Bem disse que já te li e te escrevi 

Mesmo sem sequer te ter mencionado.



-scmm







Comentários

  1. Vejo-te nas sombras do que não é meu,
    nas linhas soltas que o tempo teceu.
    Não fui quem leste, nem quem chamaste,
    mas sou quem escuta o que não contaste.

    Sei que há um nome no teu pensamento,
    que vai e vem como o próprio vento.
    Não venho roubar-te o que guardas dentro,
    apenas ser brisa num breve momento.

    Não te peço que apagues o que foi vivido,
    nem que resistas ao que é sentido.
    Apenas que vejas, sem medo ou dor,
    Que há novos caminhos para o amor

    Se um dia no meio das tuas palavras,
    encontras um rasto do que desconheces,
    não fujas depressa, não te desarmes,
    às vezes, é no novo que te reconheces.

    🦉

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    Respostas
    1. Se a curiosidade matasse eu já teria caído,
      Mas vamos voltar ao início:

      De palavras bonitas está o inferno cheio,
      Promessas vazias então é um desenfreio.
      Leio alguém que me lê, que lindo roteiro.
      Será que conheço o autor de tal devaneio?

      Coruja que espreita por entre as árvores,
      Ou mocho que espera o seu lugar sentado.
      O relógio não pára, continua a rodar,
      Segundos, minutos e uma vida a passar.

      O amor não me assusta nem nunca assustou,
      O que me assusta são as palavras leves que o vento levou,
      A falta de caráter e essência que reina hoje,
      Aliado da pouca maturidade emocional que constantemente ouço.

      Gostei do poema, obrigada por comentares,
      Gostei do pensamento e dos versos a rimar.
      Encontrei sim um rasto do que desconheço,
      Mas confesso que foi como um alento.

      Não posso prometer não fugir ou armar,
      Mas posso prometer tentar
      Conhecer alguém que tanto de mim conhece,
      De certo que uma atenção merece.

      -scmm

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    2. Nem mocho sentado, nem ave de pressa,
      sou só a coruja que a noite atravessa.
      Não trago verdades, nem quero razão,
      apenas escuto com o coração.

      Li o que escreveste — tão claro, tão teu —
      e em cada palavra, um mundo se abriu.
      Não para entrar, nem para decifrar,
      mas para, em silêncio, tentar respeitar.

      Não sei quem te dói, nem o que te pesa,
      mas vejo-te inteira, mesmo à tua defesa.
      E se o verso que deixei te soube a alento,
      é sinal de que valeu cada momento.

      Não venho prometer, nem mudar o enredo,
      só deixo este gesto, tranquilo e sem medo.
      Porque às vezes basta apenas estar,
      como quem não toca, mas sabe escutar.

      🦉

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    3. Coruja, na noite eterna,
      O véu do mistério te abraça,
      Mas, ó alma que no silêncio governa,
      Por que escondes o rosto, que graça?

      Teus olhos brilham em segredo,
      Mas a tua essência, onde se esconde?
      Será que o canto do vento é medo,
      Ou uma pista que o tempo responde?

      Revela-te, criatura alada,
      Que em sombras danças com o luar,
      Mostra a face, a tua jornada,
      E quem és tu, que não sabe falar?

      -scmm

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