E é quando queremos dizer tudo que acabamos por não dizer nada. É quando temos tanto dentro de nós que ao querermos dizer tudo não sai nada. Como se não houvesse palavras no mundo suficientes para tudo aquilo que sentimos. Como se naquele momento as palavras se evaporassem e ficasse somente a intenção. A intenção de algo. Algo que não sabemos o quê. Imaginamo-nos tantas vezes a dizer tudo aquilo que queremos como se fosse fácil, como se fosse chegar e debitar com a facilidade com que debitamos o abecedário. Mas não é. Às vezes faltam as palavras. Falta a saliva. A coragem. Como se no momento parasse tudo. Ficamos com o coração nas mãos. Sem quase saber respirar. Não sai nada. Sentes-te no vácuo e sentes o vácuo em ti. Dum momento para o outro a vida ri-se de ti. E goza, goza até te faltarem as forças. Goza para te fragilizar. Vês-te sem forças, sem qualquer rede a amparar-te a queda. Vês-te como nunca te viste nem pensaste ver-te. Isso, te garanto, molda-te. Molda-te até te fazer m...